
O mercado imobiliário da Serra Gaúcha atravessa um período de aquecimento sem precedentes, especialmente em cidades turísticas consolidadas como Gramado e Canela. A valorização dos imóveis, aliada ao aumento do volume de negócios, vem consolidando a região como um dos polos mais dinâmicos do setor no Brasil.
Em Gramado, o preço médio do metro quadrado alcançou R$ 18.914 em 2024 e, no primeiro semestre de 2025, já se aproxima dos R$ 20.000/m², patamar considerado um dos mais altos do país. Canela segue a mesma tendência, registrando valores entre R$ 14.000 e R$ 14.500/m² nas áreas mais valorizadas.
A movimentação financeira acompanha esse crescimento. Somente em 2024, Gramado registrou cerca de R$ 2,5 bilhões em transações imobiliárias, representando um aumento de pouco mais de 4% em relação ao ano anterior. Juntas, Gramado e Canela geraram mais de R$ 50 milhões em impostos de transmissão de imóveis (ITBI), reforçando a relevância do setor para a economia local.
Perfil da demanda
A procura é impulsionada, sobretudo, por quem busca segunda moradia ou imóveis voltados à locação por temporada. Investidores e famílias de grandes centros urbanos enxergam na região uma combinação de qualidade de vida, clima ameno, contato com a natureza e potencial de valorização.
Imóveis de médio e alto padrão, além de empreendimentos de luxo com infraestrutura diferenciada, são os mais cobiçados. A preferência recai sobre unidades prontas para morar, com alto padrão de acabamento e localização estratégica, permitindo uso imediato ou exploração em plataformas de hospedagem.
Desafios e desigualdades regionais
Apesar do cenário positivo, nem todas as cidades da Serra acompanham o mesmo ritmo. Enquanto Gramado, Canela e Nova Petrópolis seguem em alta, municípios menores ou com menor apelo turístico enfrentam dificuldades para atrair novos investimentos e lançamentos imobiliários.
Outro desafio é a acessibilidade. O forte ritmo de valorização cria barreiras para famílias de renda média, que veem o sonho da casa própria se distanciar. Além disso, o mercado segue exposto a fatores externos, como as taxas de juros, que impactam o crédito imobiliário, e eventos climáticos extremos, que já têm reflexos na economia regional.
Perspectivas
As tendências apontam para a continuidade da valorização nas cidades mais procuradas, com destaque para imóveis compactos de 1 ou 2 dormitórios, voltados ao público que busca praticidade ou retorno rápido em locações. A sustentabilidade também ganha força, com empreendimentos que investem em eficiência energética e respeito à paisagem local.
Em paralelo, o segmento de alto padrão e luxo segue sendo um diferencial competitivo, tanto pelo perfil dos compradores quanto pelo retorno garantido aos investidores.
Conclusão
Combinando turismo, natureza e desenvolvimento urbano, a Serra Gaúcha se consolida como um dos mercados imobiliários mais atrativos do Brasil. O cenário é de otimismo para investidores e incorporadoras, mas levanta debates sobre acessibilidade, desigualdades regionais e os limites de um mercado que cresce em ritmo acelerado.